Preparando-se para o Momento Saúde 11/09 – Como lidar com comportamentos difíceis no Alzheimer
Conviver com alguém que vive com Alzheimer é um desafio diário, especialmente quando surgem comportamentos difíceis como agressividade, irritação, alucinações, delírios, desorientação ou recusa a cuidados. Esses episódios não são incomuns e, muitas vezes, geram frustração, tristeza e cansaço em quem cuida. Entender por que acontecem e aprender formas práticas de lidar com eles é essencial para garantir bem-estar tanto do paciente quanto do cuidador.
O Alzheimer afeta regiões do cérebro responsáveis pela memória, julgamento, emoções e comportamento. Com a progressão da doença, a interpretação da realidade torna-se confusa, o que pode provocar medo, ansiedade e frustração, manifestando-se em atitudes agressivas ou desafiadoras. Em muitos casos, também surgem sintomas de psicose, como alucinações visuais e auditivas ou delírios persecutórios, que tornam a comunicação e o convívio ainda mais delicados. Segundo a Alzheimer’s Association, cerca de 40% dos pacientes com Alzheimer apresentam sintomas psicóticos em algum momento da evolução da doença (alz.org).
1. Mantenha a calma: não confronte
Em uma situação de agressividade ou irritação, o mais importante é não confrontar. Gritar, impor lógica ou tentar convencer pode aumentar a tensão. A Mayo Clinic recomenda responder em tom tranquilo, manter contato visual e transmitir segurança, em vez de discutir (verywellhealth.com).
Muitas vezes, esses comportamentos estão ligados a dor, fome, desconforto, cansaço ou confusão mental. Identificar e reduzir esses gatilhos ajuda a acalmar a situação.
2. Entre no universo da pessoa
As alucinações e delírios são experiências reais para quem convive com Alzheimer. A pessoa pode acreditar que alguém a roubou ou afirmar que vê algo inexistente. Corrigir diretamente tende a gerar mais estresse.
A Alzheimer’s Society recomenda entrar no “universo da pessoa”, acolhendo sua percepção e redirecionando a atenção para atividades familiares, como ouvir músicas, ver fotos ou caminhar (alzheimers.org.uk). Essas pequenas estratégias ajudam a reduzir a ansiedade e criar um ambiente de segurança.
3. A importância da rotina e da previsibilidade
Ter uma rotina estável é um dos fatores mais protetivos no cuidado. O National Institute on Aging (NIA) reforça que horários consistentes e ambientes familiares oferecem segurança ao paciente, diminuindo a desorientação e a inquietação (nia.nih.gov).
Outro sintoma comum é a repetição de perguntas ou falas. Embora possa ser desgastante, responder de forma paciente e consistente — mesmo repetindo — ajuda a reduzir a ansiedade. Lembretes visuais e objetos significativos no ambiente também são ferramentas valiosas para orientar e acalmar.
4. Recusa a cuidados: como lidar
Muitos cuidadores relatam resistência em tarefas como banho, troca de roupas ou alimentação. Essa recusa pode estar ligada a dor, desconforto, frio ou até vergonha. A Family Caregiver Alliance orienta transformar essas tarefas em momentos mais leves, oferecendo escolhas simples e evitando imposições (eastonad.ucla.edu).
Se houver recusa, respeite o tempo da pessoa e tente novamente mais tarde. Forçar pode gerar traumas e aumentar a resistência futura.
5. Sundowning: agitação no fim do dia
Um desafio recorrente é a chamada síndrome do pôr do sol (sundowning), quando o paciente apresenta maior agitação no final da tarde ou início da noite. Pesquisas mostram que entre 20% e 66% das pessoas com Alzheimer vivenciam esse fenômeno (wikipedia).
As recomendações incluem: evitar cochilos longos durante o dia, manter o ambiente calmo e iluminado no fim da tarde e adotar rituais relaxantes para a hora de dormir.
6. O peso emocional de quem cuida
Cuidar de alguém com Alzheimer é uma tarefa exaustiva e, muitas vezes, solitária. O burnout do cuidador é real e pode afetar gravemente a saúde física e emocional. Segundo a Alzheimer’s Association, cuidadores têm risco significativamente maior de depressão, ansiedade e doenças crônicas (alz.org).
Por isso, é fundamental reservar momentos de descanso, dividir responsabilidades, buscar apoio em grupos e, quando possível, contar com orientação profissional. Cuidar de si é parte do cuidado com o outro.
7. Novos caminhos: o papel dos estudos clínicos
Além do tratamento tradicional, estudos clínicos oferecem alternativas de acompanhamento especializado. Em casos de psicose associada ao Alzheimer (alucinações, delírios, desconfiança), essas pesquisas podem trazer acesso gratuito a tratamentos inovadores e suporte multiprofissional.
Se você cuida de alguém com Alzheimer e percebe comportamentos como delírios ou alucinações, pode ser interessante conhecer essas iniciativas de forma ética, segura e responsável.
Participe do Momento Saúde – Alzheimer
Um espaço gratuito, acolhedor e informativo para famílias e cuidadores compartilharem suas histórias, tirarem dúvidas e ouvirem a experiência da Dra. Sandra Ruschel, psiquiatra, diretora médica e pesquisadora clínica.
📅 Data: 11/09 (quarta-feira)
⏰ Horário: 13h30 às 15h30
📍 Local: Rua Guilhermina Guinle, 151 – Botafogo, Rio de Janeiro – RJ
👩⚕️ Com: Dra. Sandra Ruschel
👉 Inscreva-se gratuitamente (triagem simples):
https://ruschelpesquisa.com.br/momento-saude-psicose-no-alzheimer/